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1º de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a AIDS e a SBGG alerta que na população 60+ os diagnósticos aumentaram 441% na última década

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Começa hoje, 1º de dezembro, no Dia Mundial de Combate à AIDS, o Dezembro Vermelho, mês de campanha, em todo o Brasil, contra o HIV, a AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Estima-se que mais de 1 milhão de brasileiros vivem com HIV e cerca de 140 mil não sabem que têm o vírus.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) faz um alerta: o Brasil vive um avanço perigoso de casos de HIV entre pessoas idosas.

Dados do Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde mostram que entre 2011 e 2021 foram registrados 12.686 diagnósticos de HIV em pessoas com 60 anos ou mais, além de 24.809 casos de AIDS e 14.773 mortes nessa faixa-etária. Outro dado que chama a atenção é o crescimento acelerado da doença na população idosa. Para se ter ideia, entre 2012 e 2022, houve um aumento de 441% no número de diagnósticos, sendo a única faixa-etária que apresentou aumento percentual no número de óbitos ao longo dessa década.

De acordo com o geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o médico Leonardo Oliva, esses números reforçam a necessidade de ampliar o foco das campanhas e fortalecer o acesso da população 60+ às medidas preventivas, diagnósticos e tratamento.

 É essencial garantir a adesão à terapia antirretroviral (TARV), tratar as infecções oportunistas e manter o acompanhamento médico. Outro ponto que não pode ser esquecido é a saúde mental desses pacientes, que frequentemente enfrentam estigma, baixa autoestima e sofrimento emocional, ressalta o Dr. Oliva.

Alguns fatores são apontados pelo presidente da SBGG, para explicar o aumento de casos na população idosa. A baixa adesão ao uso de preservativos, a popularização dos medicamentos contra disfunção erétil, que prolongou a vida sexual de muitos homens aumentando a exposição a relações sexuais desprotegidas, estão entre os mais significativos.

De acordo com o geriatra e presidente da SBGG. também pode-se relacionar as mudanças no perfil do relacionamento das pessoas idosas. Os divórcios, a viuvez e o uso de aplicativos de relacionamento aumentaram a frequência de novas parcerias, muitas sem o cuidado preventivo adequado. Além disso, a menor lubrificação vaginal e anal, a maior fragilidade das mucosas e a imunossenescência são condições que facilitam a infecção pelo HIV.

Apesar do aumento do número de testes, a testagem entre os idosos está longe do ideal. 

O Dr. Leonardo Oliva chama a atenção para sintomas que não podem ser ignorados, como por exemplo a perda de peso, pois o HIV é pouco cogitado pelos médicos, que em sua grande maioria priorizam, para os idosos, hipóteses como câncer e outras doenças. 

Achar que a pessoa idosa não tem mais vida sexual ativa prejudica a prevenção e atrasa o diagnóstico”. Campanhas como a Dezembro Vermelho precisam dialogar também com a população 60+, que ainda recebe pouca atenção nas ações preventivas. A invisibilidade da pessoa idosa contribui diretamente para o aumento dos casos. É preciso derrubar mitos e tabus, falar abertamente sobre vida sexual nessa fase da vida e ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, disse o geriatra.

Sobre a SBGG 

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), entidade que desde 1961 congrega médicos e outros profissionais de nível superior , para entre outras missões divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento. Além disso, visa promover o aprimoramento e a capacitação permanente dos seus associados, contribuindo para um envelhecimento humano, digno e saudável.