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Doença Falciforme uma das patologias mais prevalentes na população também tem portadores idosos

Ontem, 19 de junho, foi o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, uma patologia que é mais um desafio para a saúde pública brasileira. Estima-se que, atualmente, exista entre 60 mil e 100 mil pacientes com Doença Falciforme no País.

Segundo dados do Programa Nacional de Triagem Neonatal, do Ministério da Saúde, nascem no Brasil 3500 crianças por ano com doença falciforme e 200.000 com traço falcêmico. A expectativa de vida até a última década estava entre 40 e 50 anos, dependendo da Região do país. 

O acompanhamento adequado tem proporcionado que várias pessoas consigam passar dos 60 anos, e isso exige que também está pauta seja incluída nas demandas do envelhecimento no Brasil. Ainda não existem números oficiais que apontem quantas pessoas idosas são portadoras.

As consequências para as pessoas com DF são muitas e envolvem anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não a infecções, retardo do crescimento, infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações, úlceras nas pernas e, consequentemente, reflexos na autoestima e na saúde mental.

Os pesquisadores evitam debater no momento uma possibilidade de cura para a doença, que pode ser estancada em casos muito muito específicos, em que é indicado o transplante de medula óssea, mas, mesmo nessas situações, o médico deve acompanhar continuamente o paciente.

É fundamental que a sociedade esteja ciente dos desafios enfrentados pelos indivíduos com Doença Falciforme. A DF causa muitas complicações agudas e crônicas ao longo da vida do paciente. A principal indicação para lidar com esse desafio é a triagem neonatal, essencial para identificação dos casos e correto encaminhamento para centros de referência para acompanhamento regular, realização de exames e recebimento de toda atenção necessária. Só assim o paciente conseguirá ter melhores condições de sobrevida com uma doença que o acompanhará por toda a vida, ressalta a Dra. Ana Cristina Silva Pinto, médica da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e professora da Universidade de São Paulo, ambas em SP.

O enfrentamento à Doença Falciforme não passa só pelas reivindicações médicas. São necessários muitos esclarecimentos sobre os mitos que rondam a patologia, como achar que a DF pode evoluir para câncer. A DF e a talassemia afetam os glóbulos vermelhos, enquanto a leucemia acomete os glóbulos brancos. Também não é certo afirmar que somente as pessoas negras terão a doença.

Com mais frequência ela aparece em pessoas afrodescendentes, isso porque ela tem origem no gene HbS, de origem africana. No entanto, a miscigenação proporcionada pelo mundo globalizado propicia que a doença apareça em pessoas de diferentes etnias.

Existem políticas públicas no Brasil, mas elas não são implementadas. Temos que buscar informações e disseminá-las com fontes confiáveis. A comunicação é um dos melhores caminhos a seguir. Também são desafios da patologia o racismo institucional; a falta de organização de uma rede de atenção e a participação efetiva do controle social, afirma a presidente da APROFe- Associação Pró Falcêmicos de SP, Sheila Ventura Pereira, que está trabalhando no lançamento de um boletim sobre o tema.