O Bloco Unidos da Melhor Idade, o único de idosos, que há mais de três décadas participa do Carnaval de São Paulo, divulgado entre os blocos oficiais, voltou a desfilar em 2023, depois de dois anos parado devido à pandemia.
Na tarde de 11 de fevereiro, às cerca de 300 pessoas idosas que participaram estavam muito animadas e o destaque foi a Bateria do Centro de Referência da Cidadania do Idoso (CRECI), comandada pelo Mestre Zuza. O trabalho com instrumentos de percussão é uma oficina permanente, durante todo o ano, aberta para quem quiser participar gratuitamente.
Longe da Pholia da Luz, local preferido pelas pessoas idosas, onde desfilou nos últimos anos, desta vez o bloco saiu numa rua ao lado da Estação Tamanduateí do Metrô, onde também se deu a concentração de alguns bloquinhos da Região do Ipiranga.
Ao contrário de outros blocos ligados aos vereadores do bairro, não teve divulgação pela Subprefeitura do Ipiranga e lamentavelmente não tinha público para assistir. A rua por onde passou tinha de um lado um muro alto, do pátio de manobras de linhas férreas e de outro o fim de ruas de casas.
Aqui no bairro moram muitas pessoas idosas, se tivessem colocado umas faixas na rua, mesmo com a chuva, garanto que muitos gostariam de assistir. Quando era menina adorava o Carnaval, mas hoje as ruas estão perigosas. Descobri este bloco quando estava passando, nem deu tempo de chamar mais gente. Aquela fantasia toda dourada está maravilhosa e vestida por uma idosa é muito linda, disse Carmencita Souza, moradora há 50 anos no Ipiranga que visitava uma amiga.
Apesar da chuva forte ter prejudicado o início do desfile, o Bloco Unidos da Melhor Idade, que a partir do próximo ano desfilará com outro nome (Bloco de Excelência Unidos da Real Idade) têm que ter seu esforço de realização creditado ao carnavalesco Hélio de Oliveira, ex-coordenador da Coordenadoria de Políticas para Pessoas Idosas da Prefeitura de São Paulo. É ele quem resiste em não perder a representação junto a Associação das Bandas Blocos e Cordões Carnavalesco, embora no dia 11 de fevereiro a entidade não tenha relacionado o Bloco entre os que iam desfilar na capital.
Histórico do Bloco da terceira idade
A primeira vez que saiu um grupo com a proposta de se criar um bloco de idosos foi na extinta Pholianafaria, um pré-carnaval que acontecia sempre uma semana antes da festa oficial da cidade, na Avenida Faria Lima em frente ao Shopping Iguatemi, na Zona Oeste da capital, em São Paulo.
Em 1991, quando se realizou o primeiro Pholianafaria saiu o Bloco da Terceira Idade, promovido pela AGTI- Associação dos Grupos de Terceira Idade, que era coordenado por Ivonne Cidim, então funcionária da Secretaria Estadual de Esportes e Turismo de SP.A AGTI era informal.
Em 1993 foi criada a ABCMI- Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade, também presidida pela Dona Ivonne, como todos a chamavam, e por sua prima Terezinha Gondim. A ABCMI paulista foi pioneira num movimento que criou entidades similares em todos os Estados e ganhou assento no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Hoje o único Estado sem ABCMI é São Paulo.
Assim, a partir de 1994 o bloco passou a ser chamado de Bloco Unidos da Melhor Idade da ABCMI.
Em 10 de julho de 1998 Pholianafaria entrou para o calendário oficial de eventos do Estado de São Paulo, mas a ABCMI não conseguiu colocar o Bloco Unidos da Melhor Idade entre os grupos oficiais.