O Conselho Municipal da Pessoa Idosa de São Paulo (CMI-SP), na segunda reunião da nova gestão 2023-2025, na segunda-feira, 30 de outubro, elegeu para presidente Nadir Francisco do Amaral, como representante da sociedade civil.
Nadir, como todos o tratam, era conselheiro no mandato anterior do CMI-SP e foi reconduzido para a função, na eleição de 2 de setembro, que escolheu os conselheiros de todas as regiões da capital. Ele é coordenador do Fórum da Pessoa Idosa da Liberdade, distrital do colegiado de fóruns da Região Centro.
A vice-presidência ficará a cargo de Renato Cintra, como representante dos conselheiros governamentais. Ele vai acumular a nova função com a chefia da Coordenação de Políticas para Pessoa Idosa da Prefeitura de São e a chefia do Conselho de Orientação e Administração Técnica (COAT/SP), órgão colegiado, paritário e deliberativo, que faz a gestão administrativa do Fundo Municipal do Idoso (FMID).
O Jornal da 3ª Idade conversou com o novo presidente sobre as suas expectativas em relação ao mandato e as posições futuras do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa.
Jornal da 3ª Idade – Qual a sua expectativa em relação ao exercício da presidência do CMI-SP? Quais mudanças gostaria de imprimir?
Nadir Amaral, presidente do CMI-SP – As expectativas em relação ao meu nome são grandes e as minhas também. Temos muitas coisas para serem feitas e como já falei para o coletivo que me elegeu, será preciso a ajuda de todos. Existe muita coisa para se fazer na cidade de São Paulo para as pessoas idosas. Minha maior expectativa é poder criar mais Fóruns, porque é através deles que vamos realmente saber as demandas dessa população, nos diferentes lugares. Outro ponto crucial é o orçamento público. Quanto está reservado para nós, pessoas idosas? Quanto dos valores destinados às várias Secretarias estão destinados para trabalhos com as pessoas idosas? Precisamos saber dos valores. Precisamos saber de quem cobrar e como cobrar. Isso é muito importante. Estando presidente eu preciso conhecer todos os fóruns e ter uma relação mais próxima com eles. Também quero conhecer todas as Secretarias que estão representadas no nosso CMI. Quais são as políticas e o que tem para as pessoas idosas em cada uma dessas Secretarias. Quero que os Secretários conheçam quem é o presidente do CMI. Também precisamos nos aproximar do Conselho Estadual do Idoso de SP. Também precisamos nos aproximar da Secretaria Nacional da Pessoa Idosa, do Ministério dos Direitos Humanos. O presidente do CMI-SP precisa dialogar com o Secretário Alexandre Silva. Também precisamos nos preparar para as próximas conferências da pessoa idosa, a municipal, a estadual e a nacional.
Jornal da 3ª Idade – Será seu segundo mandato no CMI-SP, o que aprendeu da primeira gestão que gostaria que fosse feito de maneira mais apurada, a partir de agora?
Nadir Amaral, presidente do CMI-SP – Tenho documentos para assinar e eu não posso simplesmente validar uma ILPI sem saber o que está ocorrendo com elas. Não temos uma fiscalização que precisamos ter nas ILPI. O que acontece com as pessoas idosas nesses espaços? Como as pessoas idosas são tratadas nos albergues e nos hotéis sociais? O coletivo do CMI precisa saber realmente o que está acontecendo nesses lugares. Precisamos saber quais os serviços prestados para as pessoas idosas no município de São Paulo, tanto público como privado. Estamos muito distantes, numa cidade de 12 milhões de habitantes, do que realmente ocorre com as pessoas idosas, principalmente as mais periféricas. Precisamos implantar esse tipo de conduta para um presidente. Não é fácil. Com a nossa posse como controle social na presidência do Conselho deliberativo, temos que saber direito das coisas. Temos que trazer os políticos para perto, para que eles entendam o que é política pública para a pessoa idosa. Isso é importantíssimo. Uma coisa que pretendo lutar é para que tenha uma Secretaria da Pessoa Idosa na cidade de São Paulo. Não dá mais para deixar as políticas soltas em várias Secretarias, sem saber exatamente o que, como e quanto se destina para as pessoas idosas.
Jornal da 3ª Idade – O CMI SP agora passa a ser deliberativo? Sobre quais questões os conselheiros poderão deliberar?
Nadir Amaral, presidente do CMI-SP – O orçamento público é uma das questões. O que temos de orçamento para a pessoa idosa? Como ele está sendo executado? Quem está executando? Temos que estar com o poder público, com os legisladores para saber o que está sendo destinado. Orçamento público é primordial para as políticas públicas. O que tem de recursos públicos na Secretaria da Saúde para as pessoas idosas? A Atenção Básica tem um orçamento de R$7 bilhões e 500 mil. Quanto disso é destinado para as pessoas idosas? Na SMADS temos muitos valores, mas quais são destinados para as pessoas idosas? Como nós, representantes das pessoas idosas, podemos fiscalizar? Como podemos saber quem está recebendo? Existe esse trato, podemos conversar com elas? Como o CMI passou a ser deliberativo, precisamos saber como vamos participar disso. Como isso vai chegar até nós? Tudo que for para as pessoas idosas na Prefeitura tem que passar pelo CMI, não só da Secretaria dos Direitos Humanos. O CMI está muito distante de quem presta serviço para as pessoas idosas. Quais são as OS (Organizações Sociais) que estão trabalhando com as pessoas idosas? Elas estão realmente capacitadas para isso? Existem milhares de ILPI privadas. Como elas estão trabalhando? É muito importante para os conselheiros serem deliberativos estarem cientes de todos esses pontos.
Jornal da 3ª Idade – A Saúde é a maior demanda da população idosa na cidade de São Paulo. Com a sua experiência como coordenador da Comissão da Pessoa Idosa do Conselho Municipal de Saúde, o que o CMI pode fazer para melhorar as questões dessa área?
Nadir Amaral, presidente do CMI-SP – A Saúde não se faz sozinha. Para que a Secretaria da Saúde seja plena é preciso que as demais secretarias façam parte. A Secretaria da Saúde tem muitos programas para as pessoas idosas. A AMPI (Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica) é muito importante para que a pessoa assim que chegue aos 60 anos, e esteja sendo atendida por uma UBS, tenha um controle de encaminhamentos, para as URSI (Unidade de Referência à Saúde do Idoso). Não temos nem 10% de idosos pesquisados na cidade. Há uma disparidade muito grande das Regiões e das OS que prestam os serviços. A AMPI tem que ser feita por quem realmente entenda as pessoas idosas. Temos que lutar pela vacina da Herpes Zoster. Ela deve ser tomada desde os 50 anos. Existem muitas campanhas privadas explicando isso. Temos que ter essa vacina na nossa cesta de oferta pública. Como trabalhar a prevenção se não podemos oferecer a vacina? Como chamar pessoas idosas para campeonatos se não oferecemos vacinas? Então a Saúde tem que estar integrada com as demais Secretarias. Como oferecer Saúde se não resolvermos os problemas da habitação? Como o Meio Ambiente trabalha com as pessoas idosas? São questões que interferem também na Saúde. Precisamos fazer a interligação, na prática, de verdade e não só em portaria no papel. O papel do CMI é buscar essa interligação. Tudo que envolve as pessoas idosas, nós vamos debater. Os 15 conselheiros da sociedade civil tem que estar cientes de tudo isso para buscar qualidade para a pessoa idosa.
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