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Dona Edite, poetisa de 82 anos, do Grupo de Terceira Idade Flor de Liz ganhou o Título de Cidadã Paulistana

Numa sessão repleta de homenagens e muita emoção, com a presença de poetas, poetisas e grupos de artistas oriundos da Zona Sul da cidade, a Câmara Municipal de São Paulo concedeu, na última sexta-feira 17 de maio, o Título de Cidadã Paulistana para Edite Marques da Silva, mais conhecida como Dona Edite, de 82 anos. 

A iniciativa da honraria foi do vereador Celso Giannazi (PSOL), membro da Comissão Extraordinária do Idoso Assistência Social, que acompanha há muitos anos o movimento popular que defende a manutenção e criação de Casas de Cultura na periferia. A sessão solene contou também com a presença do deputado estadual, Carlos Giannazi (PSOL) e da deputada federal, Luciene Cavalcante da Silva (PSOL).

A Dona Edite é uma pessoa conhecida na cidade de São Paulo, por sua militância na área da cultura. É uma das pioneiras na defesa e na criação da Casa de Cultura do M’Boi Mirim. Ela é uma grande poetisa e o que ela trouxe para São Paulo é essa luta em defesa da cultura. Ela é um exemplo para todos nós. A cidade de São Paulo ao homenagear a Dona Edite homenageia alguém que luta incessantemente em defesa da cultura na cidade, afirmou o vereador Celso Giannazi.

Receber esse título não é uma honra só para mim, porque ele é de todas as pessoas que me acompanham e que lutam pela Cultura na periferia. Há 62 anos eu moro e trabalho em São Paulo, uma cidade de enorme grandeza, que talvez muitos não saibam valorizar e devolver a ela tudo aquilo que a gente recebe, disse emocionada Dona Edite, ao Jornal da 3ª Idade, quando chegou com a família, no Palácio Anchieta, para ser homenageada.

Dona Edite

Nascida em 16 de setembro de 1942, na cidade de Pirapora, em Minas Gerais, às margens do Rio São Francisco, Edite Marques da Silva – a Dona Edite – iniciou sua carreira artística e atuação nos movimentos sociais após sua chegada a São Paulo em 1961. Nessa época vivenciou alguns dos momentos mais difíceis da periferia da cidade, na ocasião do endurecimento do regime militar.

No final da década de 70 mudou-se com as irmãs para o Parque Figueira Grande, no M’Boi Mirim, na Zona Sul, onde reside até hoje. Participou ativamente da criação da primeira casa de cultura de São Paulo, a Casa de Cultura do M’Boi Mirim. Envolvida em várias atividades, Dona Edite participa de diferentes iniciativas de Cultura da região.

No final da Década de 80 começou a ter sérios problemas de vista por conta de complicações decorrentes da diabetes, até que na primeira metade dos anos 2000 perdeu totalmente a visão.

No final dos anos 90 conheceu o Grupo de Arte e Cultura da Terceira Idade Flor de Lis”, onde aprofundou seus conhecimentos sobre cultura popular brasileira e passou a dançar ciranda e outros ritmos brasileiros junto das amigas em apresentações por toda cidade.

Desde então o sarau e a rotina de recitar não tiveram pausa. Edite passou a ser conhecida como a diva da Cooperifa e foi reconhecida em diferentes espaços e instituições por sua capacidade de decorar poemas muito extensos dando personalidade única para cada verso dito.

Foi homenageada na UNICEF, premiada pela Cooperifa, tem uma sala de leitura com seu nome em uma escola no Jardim Ângela, também na EMEI do seu bairro e deu nome ao polo, de um cursinho popular universitário. Foi a programas de televisão e em diversos saraus divulgar sua luta e poesia, lançou um CD de poemas recitados. A coleção de reportagens de sua trajetória só cresce.