Estela de Carlotto completou na última sexta-feira, 22 de outubro, 91 anos de idade, com boa saúde e cada vez mais obstinada. O que já seria um exemplo para qualquer pessoa ganha outra dimensão quando se pensa que essa idosa é a presidente da Associação Abuelas de Plaza de Mayo– As Mães da Praça de Maio da Argentina- que há 44 anos luta pela recuperação dos netos desaparecidos na ditadura dos anos 70.
A data (22/10) é repleta de simbologia para as mulheres argentinas: foi quando se fez a primeira reunião do grupo que viria a criar o movimento das Abuelas de Plaza de Mayo e também quando, em 2004, o Congresso Nacional da Argentina instituiu o Dia Nacional do Direito à Identidade.
Em 1977, uma de suas filhas, Laura Estela Carlotto, foi sequestrada e desaparecida em Buenos Aires, grávida. A partir de relatos ela descobriu que ela tinha dado a luz e que seu neto havia sido entregue a uma família pró-ditadura, com a identidade mudada. Começava com ele a luta semelhante de muitas famílias.
Em 5 de agosto de 2014, depois de uma verificação de DNA feita voluntariamente por uma rapaz interessado, seu neto foi identificado, o que o converteu no número 114 da lista de netos recuperados.
Estela Carlotto já recebeu vários reconhecimentos por seu trabalho com as Avós da Praça de Maio, entre eles o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas e o Prêmio Félix Houphouët-Boigny, outorgado pela Unesco.
Até o final de 2020 já tinham sido recuperados 130 netos, adotados com nomes trocados.