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Fala de ex-coordenador do Instituto Ânima provocou vexame na primeira reunião do CMI de 2025

Hermínia Brandâo herminia@jornal3idade.com.br
Jornal 3ª Idade no Instagram

Um vexame! É o único substantivo possível para definir os momentos finais da primeira assembleia de 2025, do Conselho Municipal da Pessoa Idosa, realizada na Câmara Municipal, na tarde de 10 de fevereiro. O presidente do CMI-SP, Nadir Francisco do Amaral se destemperou e com murros na mesa e repetindo palavrões reagiu às críticas feitas pelo ex-coordenador da Universidade Aberta da Pessoa Idosa do Instituto Ânima.

O professor Daniel Pinheiro de Abreu pegando carona nas críticas que a presidente do Conselho Estadual do Idoso de SP, convidada da reunião, fez ao CMI-SP, reclamou de falta de apoio para quem apresenta projetos ao Fundo Municipal do Idoso de SP. No momento da reação do presidente ele se mostrou assustado, mas no dia seguinte postou uma Nota de Repúdio, no seu Instagram.

Nadir disse que se irritou porque aquele não era o espaço para aquele tipo de crítica. Falou que se ele estava interessado em debater deveria ter pedido uma reunião e que, na verdade,  ele não conseguiu realizar o projeto, que teve que ser abortado junto ao COAT.

O Conselho de Orientação e Administração Técnica é o órgão, que na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura, responde pela administração do Fundo Municipal do Idoso (FMID), da cidade de São Paulo. O Instituto Ânima foi aprovado para fazer um projeto que atenderia 30 mil idosos e não conseguiu trabalhar nem com 10%.

Para saber mais, o Jornal da 3ª Idade conversou com o Profº Daniel Pinheiro de Abreu, atualmente só ligado ao Instituto Ânima, como mestrando.

Jornal da 3ª Idade O senhor acha que fez uma queixa correta, aberta ao público, na primeira assembleia de 2025, quando a atual gestão recebia pela primeira vez a presidente do Conselho Estadual do Idoso de SP, sendo que foi o Instituto Ânima que fracassou, mesmo recebendo dinheiro do Fundo Municipal do Idoso de SP?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima – A minha fala lá não foi em relação ao projeto em si, até porque ele já foi finalizado. Eu não faço mais parte do Instituto Ânima, no meu conceito, Inês é morta e nesse ponto, não tem o que discutir. A minha fala foi de sugestão em relação à agilidade no andamento dos projetos.

Jornal da 3ª Idade – A sua crítica na hora era sobre falta de apoio ao seu projeto. Parece que foi isso que irritou o presidente do CMI-SP.

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima – Eu era coordenador geral do projeto e tentamos negociar com a comissão do COAT, que administra o fundo e que faz a aprovação dos projetos. Não tem como falar com o Conselho Municipal. Na minha cabeça, o fundo era gerido com a atenção do conselho. Quando escutei da presidente do Conselho Estadual do Idoso de SP, que somente a capital não tem essa abertura, que o Fundo fica restrito a uma comissão específica da prefeitura, quis dar meu depoimento da dificuldade que tive.

O Conselho não atua diretamente com o fundo e eles alegam isso de forma muito segura como se fosse uma grande vantagem. Como que o diretor-presidente de um conselho posso acompanhar projetos se eu não tenho autonomia? Como  saber se o projeto não está dando andamento corretamente? Vamos mudar isso, fazer as adequações necessárias, porque venho da iniciativa privada. O Instituto Anima, embora seja do terceiro setor, é uma empresa privada que busca resultados. Cobra o tempo todo diante das nossas ações, a fazer mudanças no decorrer do processo, para atingir o resultado o mais rápido possível.

Jornal da 3ª Idade – O Instituto Ânima se apresenta no seu perfil corporativo atuando com mais de 385 mil estudantes, distribuídos em 18 instituições de ensino superior, e em mais de 600 polos educacionais por todo o Brasil. Mesmo com toda essa experiência não conseguiu realizar o projeto que apresentou de oferecer uma capacitação para 30 mil idosos na cidade de São Paulo. O que faltou? Conhecimento da cidade ou da área dos idosos?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima Na realidade, quando fui contratado para executar o projeto, não participei da elaboração do projeto enquanto buscava fomento. Quando vi a meta conversei com a minha gerente e disse que 30 mil era um número irreal. Não tem como alcançar. Falo isso porque fui fazer uma pesquisa. Desde que assumi a coordenação geral do projeto, fui fazer o meu dever de casa. Levantei quais as instituições atuam com pessoas idosas, os núcleos, todas os fóruns e qual a média de atendimento dessas pessoas. Apresentei que não tinha a menor possibilidade de alcançar em um ano esse volume de atendimento. Detalhei o edital inteiro, o projeto inteiro e entendi que poderíamos, por exemplo, classificar mais com toda pessoa que aparecesse lá pedindo orientação sobre trabalho e isso também seria contado como atendimento. Então fizemos as adequações necessárias e mandamos e-mails sugerindo. 

Jornal da 3ª Idade O senhor esteve na primeira reunião de 2024 da Comissão do Idoso da Câmara Municipal, então presidida pelo vereador Eli Corrêa. Naquele momento já estava nítida as dificuldades do Instituto Ânima.

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima –  Sim, o Eli abriu espaço para falarmos, apresentar o projeto e ampliar a comunicação e trazer mais alunos para dentro do projeto. Todas as adequações solicitadas foram feitas, não ficamos parados, sentados, esperando que o projeto finalizasse para dizer que infelizmente a gente não alcançou. O tempo todo estávamos correndo atrás de alunos, readequando o projeto.

Jornal da 3ª Idade –  O projeto era para ser presencial e depois foi mudado para online. Essa “adequação” não piorou a captação de alunos, já que é sabido poucos idosos conseguem acompanhar por muito tempo no virtual?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto ÂnimaO projeto inicialmente era totalmente presencial. Abrimos vagas para online, porque muitos dos alunos diziam que não queriam sair de casa. Então abrimos o curso no virtual. Fizemos todas as adequações possíveis que estavam dentro da permissão digital, sem precisar da autorização de acordo do Conselho e da Comissão. Só que muita coisa que precisaria fazer com a anuência deles, nós não tivemos resposta. Quando o Instituto Ânima percebeu que não tinha a menor condição de ter as respostas necessárias e muito menos o alcance do cumprimento da meta, optou por fazer uma rescisão amigável. 

Jornal da 3ª Idade –  Abortar o projeto foi uma iniciativa do Instituto Ânima ou do COAT?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima – Foi uma iniciativa do Instituto. Nesse momento que entra meu questionamento, pois quando o Instituto optou por fazer a rescisão contratual amigável e mandou um e-mail, a resposta foi imediata.

Jornal da 3ª Idade – Quando foi essa resposta do CMI?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto ÂnimaNa apresentação da Câmara Municipal.  Quando estava apresentando o projeto e o então coordenador da Coordenação de Políticas Públicas, da Secretaria dos Direitos Humanos, Renato Cintra, chegou para mim e falou: “Daniel, você está falando do projeto que já teve a rescisão contratual solicitada”. Expliquei que não sabia da resposta e que não esperava que ela fosse tão imediata.

Jornal da 3ª Idade – Mas o senhor não era coordenador do projeto? Não sabia os passos que o Instituto Ânima estava dando? A sua participação na primeira reunião de 2024 na Comissão do Idoso foi divulgada com antecedência. Ninguém do CMI ou da Coordenação avisou?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima -Eu estava fazendo o meu trabalho, que era garimpar pessoas. O Renato Cintra, que era o coordenador, já sabia, mas eu não tinha tido a resposta antes.

Jornal da 3ª Idade –  Se o projeto fracassou, já foi abortado e o senhor não representa mais o problema, porque então fez aquela intervenção que acabou tendo uma repercussão desastrosa?

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima – Sou um cidadão estudioso do tema de Ciências do Envelhecimento, mestrando na área. Eu não estava representando ninguém. Coloquei um posicionamento sobre essa questão para dizer como a falta de atenção do CMI atrapalha muito o andamento dos projetos e, principalmente, o interesse daqueles que precisam ser beneficiados. A demora nas respostas impactaram diretamente na ponta, que era o nosso maior interesse, de oferecer o curso aos idosos. Quando falei isso, o Nadir simplesmente perdeu a estradeira. Ele não entendeu a minha fala, distorceu totalmente, falei de sugestões sobre processos. Precisamos andar de acordo com o desenvolvimento de tecnologias, avanços das ciências, isso tem que ser mais rápido para não se perder dinheiro. Não se pode perder dinheiro do Fundo do Idoso.

Jornal da 3ª Idade – A rigor se o COAT estivesse atualizado com o “de acordo com o desenvolvimento de tecnologias, avanços das ciências, para ser mais rápido” nos critérios, como o senhor fala, o projeto do Instituto Ânima nunca deveria ser aprovado, mesmo sendo apadrinhado pelo Banco Itaú. O que será que aconteceu? Qualquer pessoa experiente no trabalho com pessoas idosas sabe que alcançar 30 mil idosos em São Paulo, sem uma campanha de comunicação, é impossível.

Profº Daniel Pinheiro de Abreu, ex-coordenador do Núcleo de Trabalhabilidade Sênior, da Faculdade Aberta da Pessoa Idosa, do Instituto Ânima –  Aqui bato em outro ponto e volto a questão da capacitação profissional técnica. Quem aprova é o Conselho e o COAT. Como aprovaram um projeto com esse número? Era para ter cantado essa pedra lá atrás. Todo mundo tem direito de apresentar um projeto e tentar alcançá-lo. A reflexão deveria ter partido deles ou antes de começar ou de apoiar durante a realização. Quando sugeri isso ele perdeu a estribeira e me agrediu.  Falei como um cidadão que, com base na vivência e experiência, estava sugerindo melhorias. Se sugestões ao CMI são recebidas da forma como a minha foi, isso é muito preocupante.