A perda de audição na velhice, muitas vezes, é considerada como um sintoma comum e inofensivo pelos familiares. No entanto, para a fonoaudióloga do Hospital Paulista de Otorrinolaringologia de São Paulo, Christiane Nicodemo, há um risco relevante associado ao não tratamento da desordem.
“Já sabemos que a perda da audição não tratada aumenta o declínio cognitivo do idoso. Isso pode, por exemplo, desencadear um quadro de ansiedade, tristeza ou até mesmo de depressão, por conta do isolamento do convívio social e da perda da habilidade de aproveitar os sons ou a voz das pessoas”, explica a especialista.
Existem idosos que, mesmo necessitando de aparelhos auditivos, nunca os utilizam por diversas razões, como a negação do problema, o preconceito e a falta de informação. Outros não procuram ou não aceitam ajuda, desenvolvendo sentimentos de ansiedade e frustração, que podem levar facilmente a um quadro depressivo. O diagnóstico e tratamento precoces aumentam as chances de reverter a situação e evitar complicações.
A fonoaudióloga ressalta ainda que a perda da audição pode ser um sintoma de uma doença mais grave. Dessa forma, menosprezar sua ocorrência pode gerar um risco significativo para a saúde dos idosos.
“Pessoas com diabetes têm 20% mais de possibilidades de desenvolver a perda da audição. Quem tem pressão alta, além de perder a audição, pode registrar zumbido. Pacientes com labirintite também têm sua situação agravada se não tratarem uma possível perda de audição. Tudo vai piorando se não houver um diagnóstico e o problema não for tratado. O diagnóstico precoce é muito importante. É um diferencial na qualidade de vida do idoso”, completa.
O problema de perda de audição pode ser determinante para piorar de forma significativa a qualidade de vida do idoso. Quem convive com o idoso, ou o visita com determinada frequência, deve atentar-se a alguns sinais do dia a dia, que podem indicar problemas na audição. Entre eles:
– o volume da televisão: se você se incomoda com o volume do aparelho, é muito provável que o idoso esteja assistindo à TV com um ruído mais alto do que o recomendado.
– a memória: problemas de memória podem estar relacionados a dificuldades de audição. Você diz algo ao idoso, ele não ouve, e é cobrado posteriormente como se estivesse ciente do assunto.
– o isolamento: idosos com perda de audição tendem a isolarem-se de familiares e amigos, ou permanecem mais calados durante os encontros. Isso porque se sentem constrangidos por não conseguirem conversar adequadamente. Esse comportamento pode levar a um quadro de depressão.
– a desorientação: idosos com problemas de audição sem tratamento costumam apresentar prejuízo na capacidade cognitiva.
– a situação de outras doenças: diabetes, hipertensão e labirintopatias são condições que podem agravar a perda de audição do idoso. Todos os tratamentos devem ser feitos corretamente, com auxílio e acompanhamento dos profissionais médicos responsáveis por cada especialidade.