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Margarida Genevois ativista dos Direitos Humanos fez 100 anos

A  ativista dos Direitos Humanos Margarida Bulhões Pedreira Genevois  completou 100 anos na última sexta-feira. Hoje, 13/3, ela estará presente na missa que o Padre Júlio Lancellotti celebrará, às 18 horas, na igreja São Domingos, no conjunto dos Dominicanos, na rua Caiubí, 164, no bairro de Perdizes, Zona Oeste de São Paulo.

Margarida é referência na defesa dos direitos humanos no Brasil e na América Latina. Ela foi a primeira mulher a integrar a Comissão de Justiça e Paz, onde entrou em 1972, durante a ditadura militar, a convite de Dom Paulo Evaristo Arns.

Na inauguração da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns, em 2019, Margarida foi nomeada presidente de honra da entidade, posição que ocupa até hoje. Ela faz questão de acompanhar semanalmente o trabalho.

O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, atual  presidente da Comissão Arns estará na missa e vai entregar a Margarida como presente um álbum com fotos da sua trajetória, desde a fundação da entidade.

Família e missão 

Filha da tradicional elite do Rio de Janeiro, descendente dos fundadores daquela cidade, ela teve toda a sua formação em em instituições católicas baseadas no modelo de ensino francês, como a Sacre-Coeur e a Sion. A morte prematura do pai a deixou muito jovem e ela decidiu continuar o trabalho que ele fazia junto aos pobres.

A frente do seu tempo, durante a Segunda Guerra Mundial, faltando dias para completar 18 anos, matriculou-se em um curso de enfermagem da Cruz Vermelha e se alistou para ir pessoalmente à Itália. Não foi, mas continuou motivada para o que viria a ser sua missão de vida: ajudar pessoas.

Depois de formada em biblioteconomia, com 21 anos, casou-se com um engenheiro francês chamado Lucien,  diretor da subsidiária brasileira da multinacional francesa Rhodia. Com o marido foi morar na zona rural de Campinas Foi lá que iniciou sua trajetória de militância pelos direitos humanos no Brasil.

Depois de visitar uma plantação de cana-de-açúcar, matéria-prima para a produção de álcool e produtos químicos da empresa descobriu que as crianças dos funcionários estavam subnutridas, sem acesso a cuidados médicos e escolas.

Indignada, Margarida reuniu esposas dos funcionários e mulheres católicas da região e construiu um posto de atendimento para crianças na fazenda, ergueu uma escola e uma igreja e levou um médico e uma enfermeira para atender regularmente na região. Ela se dedicou à comunidade local por 22 anos.

Essa experiência na Fazenda Rhodia abriu as portas para que, em 1972, Margarida fosse a primeira mulher a ingressar na Comissão de Justiça e Paz, que tinha como objetivo denunciar as violações aos direitos humanos na ditadura. O convite veio de D. Paulo Evaristo Arns, fundador da entidade.

“Foi esse convite que me fez descobrir o sentido que daria à minha vida”, afirmou Margarida em relato ao jornalista Camilo Vannuchi, autor da biografia “Margarida, coragem e esperança”, publicada em julho de 2021 pela Alameda Editorial.

Não demorou para que ela se destacasse e fosse promovida a presidente da Comissão, cargo que ocupou três vezes entre 1982 e 1994.

Depois que se mudou para São Paulo, Margarida fundou o grupo Veritas, projeto cultural para mulheres que, como ela, tinham sido educadas em francês, mas que careciam de instrução em política, economia, sociologia e outras ciências sociais. Como membro passou a viajar pelo país e outros países, sempre organizando doações e prestando assistência a comunidades vulneráveis.

Nessas viagens, conheceu figuras políticas importantes e estreitou relações com Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, além de notáveis vencedores do Nobel da Paz, como Madre Teresa de Calcutá.

Os direitos humanos

Em 1994, Margarida fundou a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos, projeto que chegou a ser interrompido e foi revitalizado.  Recebeu várias condecorações por sua atuação na defesa dos direitos humanos, como a Ordem Nacional do Mérito (1998), do governo da França, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos (2000) e o prêmio D. Paulo Evaristo Arns de Direitos Humanos da Prefeitura de SP (2019).

Com informações da assessoria de imprensa da Comissão Arns e do portal Viomundo.