Adicione mais fator de proteção ao seu Verão é o tema da campanha de 2021, do Dezembro Laranja, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, que este ano quer aliar os cuidados com a pandemia de covid-19 à prevenção do câncer de pele.
A campanha recomenda que além do uso do álcool em gel, máscaras e respeito ao distanciamento social, impostos pela pandemia da COVID-19, a população deve adotar hábitos de fotoproteção para a pele, que é o maior órgão do corpo humano, garantindo sua saúde de modo pleno.
De acordo com o Painel da Oncologia do Ministério da Saúde, os estados que mais totalizaram casos de câncer de pele, entre 2013 e 2021, foram São Paulo, com 52,87 mil, Paraná (27,20 mil), Rio Grande do Sul (27,05 mil), Minas Gerais (22,66 mil) e Santa Catarina (16,97 mil).
A região com maior percentual em relação ao número total de registros foi o Sudeste, com 42% dos casos do país. A Região Norte foi a que menos contabilizou casos e no Nordeste respondeu por 14,2% do total dos casos em todo o país e o Centro-Oeste, por 6,3%. São Paulo foi o estado que registrou o maior volume de internações no período, representando 26% do total das 374 mil internações na rede pública de saúde.
Para buscar mais orientações para os idosos, o Jornal da 3ª Idade conversou com o médico, cirurgião plástico, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, Fernando C. M. Amato.
Jornal da 3ª Idade– O câncer de pele é realmente assintomático, como popularmente se fala? Como perceber antes das lesões se tornarem graves?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– O câncer de pele não é assintomático. Ele apresenta sintomas, o que ocorre muitas vezes é que eles são muito discretos e por isso precisam de maior atenção.
Jornal da 3ª Idade– Quais são os principais sintomas?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico- Existe uma regra básica que é o ABCDE: o A corresponde a assimetria, quando uma pinta com alteração no formato; B nas bordas; C quando tem alteração de cor; D quando devemos observar o diâmetro está maior que 5 mm e o E é aquela pinta que começa a mudar. Também existem aquelas feridas que parecem uma espinha, mas nunca saram. Aquele ferida que sai a casca e não fecha. Isso ajuda a direcionar o diagnóstico.
Jornal da 3ª Idade– Essas observações valem para qualquer idade?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– Sim, são observações em qualquer idade. A maior incidência é a partir dos 40 anos, com maior número de casos entre os idosos. Por isso a importância da prevenção, desde criança, para se envelhecer com qualidade. Quem trabalha ou pratica esportes se expondo ao sol deve ter muito mais atenção. Os idosos mais ainda.
Jornal da 3ª Idade– O câncer de pele pode ser hereditário?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– Sim, ele pode estar relacionado a problemas genéticos. Existe uma incidência em pessoas de peles mais claras. Esse já é um fator de hereditariedade.
Jornal da 3ª Idade- As pessoas negras ou de pele morena têm maior proteção?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– Sim, elas têm maior proteção por conta da melanina, o que não significa que não possa ter o câncer de pele. Existe o Melanoma Acral, que aparece nas mãos e na planta dos pés (os afrodescendentes respondem por 70% do total).
Jornal da 3ª Idade– A geração de pessoas que hoje tem mais de 60 anos teve pouca orientação na juventude em relação à exposição ao sol. Agora, com a pele envelhecida, o que se deve fazer para evitar o câncer de pele?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– Nunca é tarde para se cuidar da pele. Quem não se protegeu antes, agora tem que redobrar a fotoproteção, usando bastante protetor solar, mesmo dentro de casa. A ida ao dermatologista, pelo menos uma vez ao ano, é fundamental. Um problema de pele no idoso, mesmo sem ser maligno, é muito mais fácil de tratar quando se pega no começo. Evitar que isso se transforme num câncer de pele. Sei que os idosos já tem uma grande agenda de consultas, mas tem que incluir o dermatologista para evitar.
Jornal da 3ª Idade– O senhor acredita que por não ser um tipo de câncer que leve a óbito, não seja tão trabalhado nos programas para idosos?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– O câncer de pele é o mais frequente na população brasileira e em geral o que tem mais cura. Ocorre que o Melanoma, que não é tão frequente, tem sim risco de morte e de gerar linfonodos, de ir para o cérebro ou para a coluna. Por isso tem que ficar alerta sempre.
Jornal da 3ª Idade– As campanhas do Dezembro Laranja que vinham crescendo e que se estendiam a parques e shoppings, em todo o Brasil, foi refreada com a pandemia. Isso prejudicou a detecção de novos casos de câncer de pele?
Dr. Fernando C. M. Amato, cirurgião plástico– Sem dúvida, muita gente foi prejudicada. Pessoas que já tinham diagnóstico de câncer de pele só agora vão começar a buscar tratamento. Outras tantas não chegaram a ter diagnóstico. Tudo muito preocupante, por isso temos que continuar alertando.