
Leg: Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista, coordenador do estudo Pessoas Idosas que moram Sozinhas: agenda pública necessária
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Há um ano, uma divulgação de parte do Censo 2022, constatou o que já vinha sendo motivo de debates para um grupo de pesquisadores de vários segmentos desde 2020: o aumento do número de pessoas idosas morando sozinhas. Se em 2010 eram 12,20% a porcentagem de domicílios em que vive apenas uma pessoa em todo o país, em 2022 passou para 18,9%.
Saber exatamente como essas pessoas vivem, considerando o tipo de moradia, os aspectos financeiros, de saúde, de bem-estar, de socialização, ainda não é possível de forma global. Ainda são poucos os dados disponíveis com esses detalhamentos.
Foi com essa preocupação que um grupo de pesquisadores elaborou o projeto de pesquisa “Pessoas Idosas que moram sozinhas: demandas para as políticas públicas”, sendo aprovado num edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
É esse grupo que agendou a realização do Seminário Pessoas Idosas que moram sozinhas: agenda pública necessária, na quinta-feira, dia 23 de outubro de 2025, nas dependências da Faculdade de Saúde Pública, da USP. A entrada é gratuita, mas é preciso se inscrever.
Para saber mais desta importante iniciativa, o Jornal da 3ª Idade conversou com o médico sanitarista Nivaldo Carneiro Junior, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, coordenador da pesquisa e do evento.
Hermínia Brandão, pelo Jornal da 3ª Idade de SP – Quando esse grupo começou a se preocupar em pesquisar as pessoas idosas que moram sozinhas?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista, coordenador do estudo Pessoas Idosas que moram Sozinhas: agenda pública necessária – Esse debate nasceu de forma voluntária, ainda sem uma preocupação científica, nos encontros da Rede de Proteção da Pessoa Idosa (RPDI), quando reunia pessoas de várias regiões da cidade de São Paulo. Foi a partir destes debates que se criou um grupo, que foi se modificando com o passar do tempo, mas que conservou várias pessoas da formação original. Chegamos a fazer um pequeno evento em fevereiro de 2020, mas logo após veio a pandemia da Covid19 e tudo parou. Em abril de 2022 foi lançada a Campanha “Neide Duque em Defesa de Políticas Públicas para as Pessoas Idosas Sozinhas” (leia).
Jornal da 3ª Idade de SP – Quando então esse grupo de estudos se formaliza e passa a buscar mais dados para um aprofundamento mais técnico-científico das questões que envolvem as pessoas idosas morando sozinhas?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – Em 2022, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lançou um edital para uma pesquisa universal dentro da área de ciências sociais aplicadas. O chamamento abria para projetos de pesquisa que dessem contribuição para a agenda pública, com recorte para a Saúde. Então, achamos oportuno esse edital e escrevemos o projeto de pessoas idosas que moram sozinhas em conjunto com professores de diferentes áreas, formando um grupo de pesquisa em rede e em diálogo com o movimento social das pessoas idosas.
Jornal da 3ª Idade – Quem são os professores que o senhor convidou para esse grupo?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – A Profª Drª Marisa Accioly Rc Domingues, da EACH-USP; Profª Drª.Anália Maria Mc Amorim, da Escola da Cidade de Arquitetura e Urbanismo; o Profº Drº Alexandre Da Silva, da Faculdade de Medicina de Jundiaí; hoje presidente do Conselho Nacional dos Direitos Da Pessoa Idosa, que foi substituído pela Profª Drª. Marília de Jesus Batista, da Faculdade de Medicina de Jundiaí; a Profª Drª Vânia Barbosa do Nascimento, do Centro Universitário FMABC; a Profª Drª Patrícia Martins Montanari e a Profª Drª Michele Lacerda Pereira Ferrer, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Jornal da 3ª Idade – Quando o projeto será encerrado?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – Em fevereiro de 2026, ele deverá estar concluído.
Jornal da 3ª Idade – Quais as principais análises foram trabalhadas pelo grupo?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – Levantamos questões que chamamos de determinantes intermediários de vulnerabilidades sociais, que são as políticas públicas, acesso aos serviços sociais e barreiras urbanas. Temos as barreiras domésticas, sociocomunitárias, as do seu entorno, o acesso aos serviços públicos, como também identificamos a trajetória de vida dessas pessoas.
Jornal da 3ª Idade – Existem dados disponíveis sobre todas essas especificidades que precisam ser estudadas para ajudar a formar uma política pública para as pessoas idosas sozinhas?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – O IBGE vem soltando os dados censitários de 2022 aos poucos. Não temos dados muito importantes para saber quem são essas pessoas idosas que moram sozinhas. Qual é o seu sexo? Qual é a sua raça? Qual é a sua renda? Como se dá a relação com a família, entre outros.
Jornal da 3ª Idade – Quantas pessoas foram entrevistadas para o projeto e em quais regiões?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – Fizemos a pesquisa nas cidades de Jundiaí, Santo André e São Paulo. Na abordagem qualitativa, realizamos grupos focais com profissionais da rede intersetorial envolvidos na atenção à pessoa idosa, participando cerca de 46 profissionais. Também entrevistamos 37 pessoas idosas que moram sozinhas nesses municípios.
Jornal da 3ª Idade – No seminário marcado para o dia 23 de outubro, já serão apresentados alguns resultados do projeto?
Prof.º Dr. Nivaldo Carneiro Junior, sanitarista – Sim, vamos apresentar muitos desses resultados e também buscar discutir com alguns gestores de São Paulo, Santo André e Jundiaí sobre o que apuramos. Temos que pensar em criar uma agenda de políticas públicas para as pessoas idosas que moram sozinhas. Os serviços não sabem quem são os idosos sozinhos.
Inscrições
Programação do Seminário Pessoas Idosas que moram sozinhas
13h – Abertura do Seminário: Prof. Dr. Rodrigo Bonicenha, FSP-USP
Prof. Dr. Nivaldo Carneiro Junior, FCMSCSP
13h25min – Mesa de Debate I- coordenação da Profª Dra. Marília de Jesus Batista, FMJ.
“Envelhecimento populacional no Brasil e a pessoa idosa que mora sozinha”.
MS Renato Cintra – pesquisador, projeto de pesquisa “Pessoas Idosas que moram sozinhas: demandas para as políticas públicas”. “Políticas Públicas para Pessoas Idosas”.
Prof. Dr. Alexandre da Silva – Secretário Nacional dos Direitos das Pessoas Idosas, Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (ainda a confirmar).
14h – Diálogos.
14h30min – Mesa de Debate II
