Quando na próxima segunda-feira, 11 de julho, forem realizadas as provas de Atletismo, na final estadual dos Jogos Estaduais da Melhor Idade de SP 2022, na cidade de Pindamonhangaba, a capital terá somente uma representante, entre todas as modalidades.
Maria da Penha Lorenzano, que acabou de completar 85 anos, é viúva, mãe de uma filha e avó de dois netos, estará na prova dos 600 metros, para “lavar a honra paulistana”.
Quero correr bem e chegar inteira. Não estou preocupada em ser a primeira, mas se as concorrentes descuidarem um pouco, a gente se esforça mais, diz bem humorada a representante de São Paulo.
Penha, como todos a tratam, só começou a correr aos 62 anos, depois de se aposentar. Antes, ela contou que não tinha tempo. Trabalhava como supervisora de confecção, passou por várias empresas e quando chegava em casa, começava outra jornada.
Meu marido trabalhava na área de hotelaria e tínhamos um serviço particular de bufê de festas. Tinha que ajudá-lo também e não sobrava tempo. Quando parei de trabalhar nas empresas fiz um curso da USP, que propunha caminhadas. Um dia perguntei ao professor se podia correr, ele deixou e não parei mais, conta Penha.
A primeira prova que participou foi em Campos de Jordão, num evento da empresa Adidas. Logo ficou em 2º lugar e levou a medalha de Prata. Na primeira competição de 1500 metros ficou com a Medalha de Ouro.
Nas primeiras corridas ela tinha um preparador. Quando as provas foram se acumulando, ela passou a se organizar e fazer seu próprio condicionamento. Antes da pandemia corria três vezes por semana, pelas ruas da Zona Oeste. Na quarentena ficou em casa, cuidando do marido que estava doente e faleceu há dois anos. Agora está voltando devagar. Não tem nenhum apoio institucional.
Mineira de nascimento e paulistana de coração, ela veio da cidade de Campos do Meio aos 22 anos. Mora no bairro do Butantã há 50 anos.
Eu participo das competições estaduais desde o 1º JORI-Jogos Regionais dos Idosos. Desde que foi criado o Fórum do Butantã passei a me apresentar nas competições como representante dele. Lamento que a cidade de São Paulo tenha perdido o apoio do passado. A capital chegou a realizar um torneio bonito, com o ginásio do Constâncio Vaz Guimarães repleto de idosos, vestindo camiseta com a cor de cada região. Seria importante que todas as regiões de São Paulo participassem, que tivesse apoio. Não sei o que aconteceu para cair tanto e ficar sem interesse, relembra a atleta.
Penha esteve na Câmara Municipal de São Paulo, na audiência pública realizada pela Comissão Extraordinária do Idoso e da Assistência Social, para buscar colocar os Jogos Municipais do Idoso de São Paulo no calendário oficial da capital e passar a ter verba própria no orçamento para sua realização. Ela disse que torce para que isso “realmente aconteça”.
