Desde o dia 1º de abril, o administrador público Tomas Lúcio Freund deixou de ser o presidente do CEI-SP-Conselho Estadual do Idoso de São Paulo.
Ele exercia o cargo como conselheiro governamental, representante da Secretaria Estadual de Justiça e como se aposentou não poderá mais estar na função, já que para tal é preciso estar na ativa como servidor público.
Interinamente a presidência está ocupada pelo vice-presidente, Adílson Lima da Silva, representante da sociedade civil, pela Macrorregião I Campinas, Mogiana, Piracicaba, Sorocaba. Na segunda-feira, 25 de abril, haverá uma reunião plenária ordinária do CEI, quando o nome da pessoa que seguirá na presidência será definido.
Tomás Freund em conversa com o Jornal da 3ª Idade confessou ter sido “mordido pela mosca azul da área do envelhecimento” e como muitos que nunca tinham trabalhado antes com a questão dos idosos, pretende continuar a contribuir com o seguimento. A seguir o seu texto sobre a saída do cargo.
Na reunião plenária do dia 28 de março comuniquei aos Conselheiros que estou me aposentando e me exonerando de minhas atividades na Secretaria da Justiça e consequentemente do Conselho Estadual do Idoso. Depois de 46 anos de atividades na gestão pública e em organizações sociais, chegou a hora de parar um pouco.
Nos últimos anos na Secretaria da Justiça, me dediquei quase exclusivamente na defesa dos Direitos Humanos da Liberdade Religiosa e participação social. Nesse sentido que fui indicado para representar a Secretaria em alguns conselhos, especialmente no Conselho Estadual do Idoso, onde com muito orgulho fui levado a ser vice-presidente e agora presidente.
Não tinha trabalhado antes especificamente com causa da pessoa idosa, mas acabei envolvido e motivado pelo tema e uma boa parte do meu tempo foi dedicado a isso. Acredito que esta é uma dessas causas que a gente se envolve e depois não larga mais. Deixo o Conselho, que certamente vai me fazer muita falta, mas continuarei de alguma maneira nesta causa.
Infelizmente, toda minha gestão acabou sendo virtual, e muitos dos Conselheiros não conheci pessoalmente, mas tenho certeza que apesar de ser virtual, com todas as limitações, pessoais e tecnológicas, fizemos bastante.
Penso que não precisamos enumerar aqui as realizações, mas tenho consciência tranquila que avançamos e que o trabalho realizado defendeu os direitos e representamos bem a pessoa idosa do Estado.
Nesses dias que estamos vivendo, não posso deixar de me referir aos acontecimentos da Europa. Estamos assistindo novamente massacres, mortes e refugiados em situações trágicas, e o mundo praticamente se calando.
Histórias que ouvia em casa desde a minha infância da saída de meus pais e avós da Europa e chegando aqui como refugiados continuam se repetindo.
O mundo não aprendeu nada e continua se calando frente às atrocidades e abusos conduzidos por líderes políticos, e grupos racistas e supremacistas. É uma situação extrema e mantidas as proporções, vemos abusos, corrupção, e atitudes discriminatórias aqui no Brasil também.
Isso só reforça a minha convicção da necessidade de uma mobilização permanente da sociedade civil em torno da defesa dos direitos humanos, e do controle da ação governamental e estou certo de que os Conselhos de cidadania e direitos como esse são um dos caminhos para isso.
Nesse sentido acredito que devemos continuar um grande esforço para ampliar o relacionamento com os Conselhos Municipais e a participação nas próximas eleições deste Conselho. Um Conselho forte, ativo e presente depende disto.
Na mesma linha, acho importante o Conselho produzir um documento com exigências, propostas e pauta de reivindicações para apresentar aos candidatos que participarão nas próximas eleições para o legislativo e executivo. Apresentar um documento desses, é o Conselho exercendo seu papel.
Agradeço aos conselheiros, ativistas, militantes, jornalistas e a todos que com sugestões, críticas, apoio, ou simplesmente com a presença caminhou conosco neste período. Nossos sucessos e conquistas são resultado do coletivo, escreveu Tomas Freund.