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Conselho Estadual do Idoso do Amazonas completou 26 anos

O Conselho Estadual do Idoso do Amazonas completou 26 anos de fundado no dia 19 de novembro. Na terça-feira (22/11) fizeram uma festa oficial na sede da Defensoria Pública do Estado, que fica na zona sul de Manaus. No evento, como acontece desde 2006, foram entregues certificados para todas as associações, pessoas e personalidades que desenvolvem atividades em prol do bem-estar da pessoa idosa no Amazonas.

Quem acompanha o trabalho com envelhecimento nos Estados sabe que na prática, o CEI-AM só começou a funcionar muito tempo depois, fruto da luta de várias pessoas, que nunca desistiram de fazer valer os direitos das pessoas idosas amazonenses.

O Jornal da 3ª Idade conversou no dia do aniversário com um desses “incansáveis”, o vice-presidente Jorge Wagner Lopes, que iniciou seu trabalho com idosos com pouco mais de 30 anos e hoje também já trabalha em “causa própria”, aos 62 anos.

Jornal da 3ª Idade – Como o senhor avalia o trabalho do CEI-AM nesses 26 anos?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM– A gente conta 26 anos porque ele nasceu com a Lei n.º 2.422, de 19 de novembro de 1.996, mas na realidade ele ficou 9 anos parado. O governo na época não criou o colegiado. Foi a partir de 2005, que a sociedade civil, através da atuação do Fórum Permanente da Pessoa Idosa do Amazonas passou a exigir do governo estadual que ele realmente fosse montado. Então o trabalho na prática começou mesmo há 17 anos.

Jornal da 3ª Idade– Quais as principais conquistas desse período efetivo de atuação do CEI-AM?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM- Foi e até hoje continua sendo com muita luta. A primeira conquista foi realmente a de conseguir montar o primeiro colegiado. Depois tivemos um grande embate para que pudesse ter uma representação verdadeira. O que aconteceu no Conselho Nacional ocorreu aqui em 2005. O governador da época, Eduardo Braga, colocou uma Secretária de Estado na presidência como presidente nata. Tivemos que lutar muito para que a sociedade civil tivesse sua representação e conseguíssemos ter uma eleição para a alternância da presidência e vice-presidência. Isso até hoje tem que ser acompanhado de perto. Outra conquista árdua foi a criação do Fundo Estadual do Idoso. Ele foi criado pela Lei n° 4.737, em 7 de dezembro de 2018, mas só foi regulamentado no final de 2020. Como veio a COVID ficou tudo parado.

A presidente do CEI-AM, Kennya Mota Brito, o secretário titular da Sejusc, Emerson Lima, Jorge Wagner Lopes, a Secretária Luciana Andrade Secretária Adjunta Executiva da Pessoa Idosa e o vice-presidente do CEI-AM. Foto: Secom/Sejusc

Jornal da 3ª Idade– O Fundo Estadual do Idoso  já conseguiu financiar projetos?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM– Depois da pandemia vieram as eleições e não pudemos mexer no dinheiro. Nos próximos dias estará saindo o edital para novas inscrições. O dinheiro está parado e temos que gastar ainda esse ano. Vai ser muito bom, porque existem excelentes projetos já aprovados pelo Conselho que precisam de recursos.

Jornal da 3ª Idade– Quanto vocês conseguiram captar desde 2020?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM–  Na verdade, tivemos uma primeira captação com o Banco Itaú, de 500 mil. Agora com a ajuda da Secretária Luciana Andrade, que é a gestora da Política do Idoso do Estado, que tem sido uma parceira, vamos lançar um vídeo de campanha para divulgar. Conseguimos aprovar na Assembleia Legislativa a campanha do Troco Solidário, que vai ser um reforço.

Jornal da 3ª Idade – Nos anos recentes, além do Fundo , no que mais se empenharam?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM– Tivemos uma luta muito árdua nos últimos tempos com a adequação da lei, para que o CEI-AM ficasse na legalidade. Nosso colegiado não era paritário e nem era deliberativo. Pensávamos que seria mais fácil esse processo. Tínhamos muito mais conselheiros do governo.

Jornal da 3ª Idade– Como está a criação dos conselhos municipais, que sempre foi uma dificuldade no Amazonas?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM– O Amazonas tem 62 municípios e tem 28 conselhos municipais criados. Nossa maior dificuldade é a logística, que é diferente de qualquer outro Estado. As cidades ficam distantes entre si e isso torna as passagens muito caras. Alguns locais para trabalhar só mesmo de avião, porque não existem estradas e ficaria muito tempo à mercê dos barcos. Também existem muitas localidades onde não se consegue trabalhar pela Internet, então você vai uma vez e não consegue acompanhar a montagem do colegiado local, que a gente sabe que não é fácil para eles. Um exemplo foi a criação do CMI de São Gabriel da Cachoeira, localizado na fronteira com a Colômbia e Venezuela, no extremo noroeste do Estado. Em 2008 fomos lá, criamos o Conselho e quando eles mandaram a documentação, tempos depois tinham colocado 46 representatividades indígenas, que não tinham nada a ver com a Política da Pessoa Idosa.

Jornal da 3ª Idade – Além da questão das distância, existe alguma outra particularidade que diferencia o trabalho de criação dos CMI do que é feito nas demais regiões do país?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM– Existe uma questão cultural que afeta a criação dos grupos. As pessoas têm a cultura da reunião, da associação, mas fazem na maioria das vezes de maneira informal, sem registro e documentação. Então quando se chega nas cidades existe a representação, mas não legalizada, isso significa outro trabalho e outra articulação. Em muitos municípios a liderança maior era ( e continua sendo) o padre e por isso ficava mais fácil começar criando a Pastoral da Pessoa Idosa. Vários padres achavam que não precisava, já tinha a Pastoral da Família. Existem associações que são muito importantes na realidade local, como a Associação dos Motoboys. Muitas vezes a liderança local não entende porque eles não podem participar do CMI, já que são uma força local. Nessa hora entra a importância do trabalho de capacitação, que não é fácil. Pouco antes da pandemia começamos a ter os Coordenadores da Saúde do Idoso, ligado a Secretaria da Saúde. Para nós é uma novidade e se existisse antes teria ajudado muito.

Jornal da 3ª Idade – Na recente campanha eleitoral, vocês conseguiram avançar com alguma promessa de campanha dos políticos vencedores?

Jorge Wagner Lopes, vice-presidente do CEI-AM–  Nos foi prometido na eleição e estamos trabalhando para que realmente se concretize, a criação da da Secretaria de Estado da Pessoa