A pandemia da Covid-19 mostrou que nossas sociedades não estão organizadas o suficiente para dar lugar aos idosos, com justo respeito à sua dignidade e fragilidade. Onde não há cuidado com os idosos, não há futuro para os jovens. Com esta mensagem, o Papa Francisco recordou hoje, 15 de junho, o Dia Mundial de Conscientização da Violência à Pessoa Idosa, que em 2020 soma aos alertas a necessidade de se proteger os idosos durante e depois da pandemia.
Pandemia e os idosos
Estima-se que 66% das pessoas com 70 anos ou mais tenham pelo menos uma condição de saúde subjacente, colocando-as em maior risco. Os idosos também podem ser discriminados quando médicos e hospitais decidem quem tem acesso a tratamentos e medicamentos.
Além disso, antes da pandemia, metade da população idosa em alguns países em desenvolvimento já não tinha acesso a serviços essenciais de saúde. A crise pode levar a uma redução de serviços críticos, aumentando ainda mais os perigos.
Em maio, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou um relatório detalhando o impacto da Covid-19 em idosos. Na altura, ele afirmou que “nenhuma pessoa, jovem ou velha, é dispensável.”
Para o chefe da organização, “os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos os outros.” Ele disse ainda que “decisões difíceis sobre cuidados médicos devem respeitar os direitos humanos e a dignidade de todos.”
Crescimento
Entre 2019 e 2030, o número de pessoas com 60 anos ou mais deve crescer 38%, passando de 1 bilhão para 1,4 bilhão. Nessa altura, o número de idosos irá superar o número de jovens em todo o mundo. Esse aumento será maior e mais rápido nos países em desenvolvimento.
Por tudo isso, a ONU afirma que “é preciso prestar mais atenção aos desafios específicos que afetam os idosos, inclusive no campo dos direitos humanos.”
Abusos
O abuso de idosos é um problema que existe tanto nos países em desenvolvimento como nos países desenvolvidos, mas muitas vezes não é reportado.
Existem poucas estatísticas sobre o tema, apenas em alguns países de alta renda, mas entre 1% a 10% dos idosos nessas regiões é vítima de abusos.
Embora a extensão do problema seja desconhecida, a ONU afirma que “seu significado social e moral é óbvio” e “exige uma resposta global multifacetada, focada na proteção dos direitos dos idosos.”
No Brasil, a Pastoral da Pessoa Idosa trabalha para garantir o respeito e a dignidade dos idosos, identificando os possíveis sinais de violência e realizando os devidos encaminhamentos.