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Faleceu ontem Maria do Socorro Alves uma aguerrida defensora dos direitos das pessoas idosas da Zona Leste

Quando morre alguém que dedicou parte da sua vida a defender de verdade os interesses das pessoas idosas, principalmente as mais pobres, todo o movimento que trabalha para melhorar a qualidade de vida dos mais velhos fica menor.

Por isso, várias pessoas em São Paulo terminaram a quinta-feira, 7 de agosto de 2025, sentindo a cidade mais fria e mais cinza, ao saber da morte de Maria do Socorro Alves. Era a Dona Socorro para uns ou a Socorrinho para outros e para boa parte do bairro de A E Carvalho, na Zona Leste de São Paulo.

Natural de Recife, em Pernambuco, ela chegou em São Paulo em 1965, já casada e com seus 4 filhos, que lhe deram 28 netos e 16 bisnetos. Começou o trabalho com a comunidade do bairro no final dos anos 70, Naquela época, atendia, na sua casa, famílias que chegavam do nordeste carentes de tudo. Viu suas iniciativas ganharem um espaço físico e se transformarem numa ONG em 2004, com a construção da sede da Associação Beneficente Esporte, Cultura e Lazer Nosso Sonho, que chegou a atuar mensalmente com mais de 200 famílias cadastradas.

Durante muitos anos, fez uma festa de Natal para crianças carentes do entorno do Condomínio Águia de Haia, na sede da sua entidade, que ofertava um saco com roupa e brinquedos, o primeiro presente que muitas crianças tiveram em suas vidas. 

A entidade, com o passar dos anos, concentrou seu trabalho na melhoria das condições de vida dos idosos da região de Itaquera. Ela dizia que eram as pessoas que tinham sido responsáveis pela criação do movimento de moradia nos anos 70 e que agora, envelhecidas, estavam esquecidas.

Foi muito atuante no antigo GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso, eleita em três gestões como conselheira da Zona Leste da cidade. Ela relacionava como uma das suas conquistas o trabalho de mobilização que ajudou a fazer para a construção da URSI- Unidade de Referência da Saúde do Idoso de Itaquera.

Nos últimos anos, enfrentou problemas com a gestão da ONG e vinha tendo a sua saúde bastante debilitada. Era daquelas que cuidava dos outros e esquecia de se cuidar. O velório e sepultamento serão das 15 às 17 horas, no Cemitério da Saudade, na Rua Samuel de Carvalho, 60, no Jardim São Sebastião.

Homenagens

Em julho de 2018, estávamos no Polo Cultural da Terceira Idade do Cambuci, para a apuração dos votos da eleição do Grande Conselho Municipal do Idoso de SP, quando ela pediu que eu fizesse uma foto dela. A imagem registrada (acima) a surpreendeu e durante anos ela a usou e dizia que era a mais bonita que tinha. Por quase uma década, toda vez que a encontrava ela fazia menção a foto. Triste com sua partida, mas com o sentimento de ter convivido, por alguns anos,  com uma guerreira. Todo o azul do céu para você.

Hermínia Brandão, editora do Jornal da 3ª Idade.

Vera Mariano entregando uma Placa de Prata, para Maria do Socorro Alves, em cerimônia do Fórum Paulista de Conscientização do Envelhecimento, em 2018, numa homenagem por sua atuação em defesa dos idosos carentes da Região de Itaquera. Foto: jornal3idade.com.br

Ontem foi um dia triste. Perdemos nossa querida Socorrinho, uma mulher incansável na luta por um mundo mais justo. Sua presença marcante na Câmara Municipal, sempre em defesa de políticas públicas para a pessoa idosa, jamais será esquecida. Liderança admirável da Zona Leste de São Paulo, que através da Associação Nosso Sonho, dedicou sua vida a transformar realidades com garra, coragem e um coração gigante. Nunca mediu esforços para acolher e cuidar de quem mais precisava. Obrigada, Socorrinho, por tudo e por tanto. Seu legado permanece vivo e será sempre nossa grande inspiração de luta por um mundo melhor. 

Vera Mariano, Interlocutora Saúde do Idoso na Supervisão Técnica da Saúde de São Mateus.