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Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia 2024 reuniu 2200 estudiosos do envelhecimento

Buscando inovar em vários setores e com promessa de mais mudanças na próxima edição em 2026, aconteceu de 4 a 6 de abril de 2024, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, o 13º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, com a presença de 2200 pessoas.

O GERP é apontado pelos profissionais da área como o principal evento científico paulista e um dos maiores da América Latina. Reúne estudiosos do envelhecimento de todos os Estados do Brasil, além de convidados internacionais.

Para fazer um balanço do evento, o Jornal da 3ª Idade entrevistou  a fonoaudióloga, Juliana Venites, presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG-SP, que esteve no comando  GERP.24 ao lado do médico Paulo de Oliveira Duarte, presidente da Geriatria. 

Ela desde o começo da carreira optou pela área do envelhecimento e fez sua primeira especialização aos 23 anos. Seu mestrado e doutorado foram em “Atenção à Pessoa Idosa”, com pesquisa e estudos voltados para a voz e deglutição de idosos saudáveis. Atualmente além do atendimento no seu consultório particular é gestora de equipes de fonoaudiologia em três hospitais.

Jornal da 3ª Idade Qual o balanço que a senhora faz, como presidente da Gerontologia, do GERP.24, da realização do evento?

Dra. Juliana Venites, presidente de Gerontologia do 13º Congresso Paulista de Geriatria e GerontologiaEsse Congresso teve uma proposta muito importante porque foi baseada nas recomendações colocadas pelas Nações Unidas, que tem como tema geral a Década do Envelhecimento Saudável. O evento teve palestras divididas pelos quatro pilares: Capacidade intrínseca; Funcionalidade; Meio Ambiente e uma sala aberta das Conexões. Nessa pudemos falar da importância da integração da pessoa idosa na sociedade, como manter as relações sociais dessas pessoas e como construindo novas.

Jornal da 3ª Idade Na programação deu para perceber uma nova postura mais igualitária na participação da Geriatria e da Gerontologia, que era uma reivindicação antiga dos congressos anteriores.

Dra. Juliana Venites, presidente de Gerontologia do 13º Congresso Paulista de Geriatria e GerontologiaNessa edição tivemos um profissional de Gerontologia nas mesas médicas e um profissional da Geriatria nas mesas da Gerontologia. Isso é um avanço. Antes tínhamos os eventos muito voltados para novos remédios, que também são importantes, mas dessa vez eles apareceram junto com as terapêuticas não medicamentosas. A atenção ao social e ao psicológico tem que vir junto.

Jornal da 3ª Idade O GERP.24 trouxe atrações culturais. Esse acréscimo também veio para ficar?

Dra. Juliana Venites, presidente de Gerontologia do 13º Congresso Paulista de Geriatria e GerontologiaTivemos na abertura um show do Guilherme Arantes, que foi muito mais que uma apresentação. Foi um verdadeiro “talk show” sobre longevidade. Ele contou como está sendo envelhecer e ser um homem de 70 anos. Procuramos fazer outras pequenas mudanças que estão mais perto do que propomos no nosso trabalho. Substituímos o tradicional coffee break, onde normalmente são servidos bolos e pães, por duas fruteiras onde as pessoas podiam pegar, durante todo o congresso, frutas à vontade. Outra novidade foi que procuramos fazer na plataforma do aplicativo, com todo o material do congresso e também com espaço para sugestões. Dessa maneira vamos ter tudo documentado, para daqui a dois anos, na próxima edição.

Este é um congresso que apesar de paulista recebe pessoas do Brasil inteiro, tanto da geriatria, como da gerontologia e não só para palestrar. Nosso objetivo é estar cada vez mais perto de todos que trabalham com as pessoas idosas. Acredito que para os que tiveram oportunidade de participar foi uma experiência interessante e exitosa.

Jornal da 3ª Idade Questionando especificamente a sua área, a senhora acredita que o SUS hoje atende minimamente as pessoas idosas no que se refere a Fonoaudiologia?

Juliana Venites, presidente de Gerontologia do 13º Congresso Paulista de Geriatria e GerontologiaSe você observar eu trouxe o Conselho Regional de Fonoaudiologia de São Paulo (Crefono) para a Parada da Longevidade, porque essa é uma bandeira que o fonoaudiólogo precisa se apropriar e entender que essa população daqui a 10 anos será a maior parte dos seus pacientes, tanto públicos como privados. Precisamos dos fonoaudiólogos na elaboração de políticas públicas de prevenção da perda auditiva, prevenção dos problemas de alimentação, nos problemas de demência e alterações cognitivas. O fonoaudiólogo está inserido em tudo isso, mas o que vemos hoje, infelizmente, é que na geriatria e na gerontologia ele só é acionado quando o problema é muito grave. A pessoa teve um derrame, um AVC, está afásico, com uma disfasia, usando sonda então o profissional entra nos cuidados, mas nunca está na prevenção. Nem aquele quarto pilar do envelhecimento saudável, de proporcionar os cuidados a longo prazo, nem isso às vezes nós trabalhamos. Existem pessoas que passam meses ou mesmo ano para conseguir passar por uma fono. Existe muito espaço para a fonoaudiologia dentro da gerontologia.

Jornal da 3ª Idade Terminando pergunto sobre o começo do evento. Como a senhora avalia a Parada da Longevidade? Quem esteve na Avenida Paulista no domingo 24 de março participou de uma manifestação inovadora e expressiva da sua entidade, mas onde se percebia que a maioria não era de associados da SBGG. Existe expectativa de mais adesão na próxima?

Juliana Venites, presidente de Gerontologia do 13º Congresso Paulista de Geriatria e GerontologiaInicialmente a ideia da Parada não foi muito bem aceita, até porque somos uma entidade científica que trabalha para o desenvolvimento dos profissionais. Muitos resistiram em entender porque tínhamos de fazer isso. Demorou muito para conseguirmos viabilizar o projeto. Começamos em janeiro a colocá-lo em prática, mas deu certo. Temos muitas ideias para a 2ª Parada da Longevidade.

 

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