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Entrevista com o presidente do Conselho Estadual da Pessoa Idosa de Rondônia, José Neves Sobrinho

O presidente do Conselho Estadual da Pessoa Idosa de Rondônia, José Neves Sobrinho, de 71 anos, é o segundo entrevistado da série que o Jornal da 3ª Idade está fazendo com todos os presidentes de conselhos que defendem os direitos das pessoas idosas na Região Norte do Brasil.

Neves, como é tratado por todos, está há 6 anos como conselheiro e há dois como presidente. Sua gestão, que terminará em dezembro próximo, trouxe vários avanços, apesar de grandes dificuldades de execução, na sua avaliação.

Jornal da 3ª Idade – Qual a situação do  CEDPI-RO atualmente? Como a sua gestão, que está terminando, contribuiu para que as pessoas idosas rondonienses melhorem sua qualidade de vida?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO  Quando assumi a presidência do Conselho ele não tinha muita visibilidade. Começamos trabalhando para fazer um diagnóstico da situação dos municípios. Trabalhamos os conselhos municipais e muito com as ILPI (Instituição de Longa Permanência). Claro que não é um trabalho só meu, mas de todo o colegiado, que é bastante interessado e unido.

Jornal da 3ª Idade – O senhor é presidente como conselheiro governamental, então a próxima gestão será da sociedade civil. Já marcaram as próximas eleições?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO Nosso mandato termina no final de dezembro, precisaria fazer a eleição antes, mas estamos com problemas momentâneos com quatro conselheiros da sociedade civil. Ainda não temos uma definição oficial, mas é possível que tenhamos que estender o mandato da gestão por mais um tempo. Nosso regimento interno permite. Somos 14 conselheiros, 7 da sociedade civil e 7 governamentais.

Jornal da 3ª Idade – No diagnóstico concluído pela sua gestão, o que foi constatado?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO–  A enorme necessidade de capacitação das pessoas, tanto as lideranças, como as demais interessadas, a criação dos conselhos municipais e um trabalho com as ILPI. As capacitações estão sendo feitas em todas as cidades, foram licitadas no governo federal passado e estão sendo executadas agora.

Jornal da 3ª Idade – Quantos conselhos municipais já existem em Rondônia?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO   Temos 52 municípios e em 27 deles temos o Conselho Municipal da Pessoa Idosa.

Jornal da 3ª Idade – Todos os conselhos têm seu Fundo Municipal da Pessoa Idosa?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO–  Três cidades estão com os seus Fundos em funcionamento.  As viagens, para fazer o diagnóstico dos municípios,  foram bancadas pelo Fundo. O nosso Conselho é deliberativo, mas continuamos a depender da Secretaria para quase tudo. Essa é uma relação ainda muito complicada. Nosso Estado é um território de difícil acesso, para pedir recursos para uma viagem temos que solicitar com muita antecedência. Tudo fica muito lento e demorado. As pessoas idosas vulneráveis têm pressa.

Jornal da 3ª Idade – Qual foi o trabalho desenvolvido com as ILPI?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO  Rondônia tem 14 ILPI, sendo somente 1 pública, as demais são filantrópicas. Visitamos todas elas e as encontramos desprovidas de tudo. Muitas falaram da necessidade de participar do Conselho e levar as suas demandas, que não chegam ao governo. Diretamente as ILPI não podem participar, porque elas têm que ser fiscalizadas pelo Conselho. Então consultamos vários juristas e fomos informados de que uma associação que representasse todas elas poderiam ter assento no Conselho. Dessa maneira, ajudamos a criar a Associação das ILPI de Rondônia. Depois que passar o tempo regulamentar exigido pelos governos, nas três esferas, elas poderão não só ter representação nos conselhos, como buscar recursos diretamente através de projetos.

Jornal da Idade – Que tipo de dificuldades o senhor aponta para realização de ações voltadas para a população idosa em Rondônia?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO Em 2022 queria fazer a Semana da Pessoa Idosa, mas foi ano eleitoral e aqui as campanhas estavam muito polarizadas e o ambiente muito difícil. Por orientação de procuradores, decidimos criar o Dia da Pessoa Idosa de Rondônia, sempre no último sábado de novembro. No ano passado fizemos em 26/11. Agora deveríamos fazer amanhã, 25/11, mas novamente tivemos dificuldade de apoio. Há 10 dias fomos avisados que será em 9/12. Diante disso tomamos a iniciativa de buscar apoio parlamentar e na próxima terça-feira será sancionado um projeto de lei que criará oficialmente a data.

Jornal da Idade – Por que não fazer em 1º de Outubro, Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa, quando todos comemoram?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO Exatamente porque todos comemoram e vira festa. O Dia da Pessoa Idosa tem que ser um dia de grito, de luta, de mostrar o que as pessoas precisam, um pedido de socorro. Os governos e entidades têm o ano inteiro para comemorar e prestigiar as pessoas idosas, se quiserem. Porto velho, nossa capital, tem segundo o último Censo, em 2022, pouco mais de 460 mil pessoas, sendo delas 36 mil idosos. Não temos nenhum programa contínuo para os idosos. Nossa mobilidade é péssima. Uma pessoa idosa não pode ir numa praça, porque não tem segurança.

Jornal da Idade – Qual o ideal apontado pelo Conselho para se caminhar na busca de melhorias?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO–  Queremos ter condições de ser uma Cidade Amiga da Pessoa Idosa, com as possibilidades apontadas pela OMS- Organização Mundial de Saúde. É um trabalho de longo prazo, mas podemos fazer, precisamos diminuir a burocracia.

Jornal da Idade – Quais medidas já começaram a ser tomadas para esse caminho?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO–   Idealizamos e fomentamos a criação da Associação Rondoniense de Apoio e Promoção para a Pessoa Idosa e a Associação das ILPI. Com elas poderemos fazer outras coisas, que não conseguimos usar os recursos do Fundo Municipal. É um começo.

Jornal da Idade – Não deu para comemorar muito os 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa?

José Neves Sobrinho, presidente do CEDPI-RO– Conseguimos várias conquistas nesses 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa, são inegáveis. O problema é o tempo em que as coisas acontecem. O crescimento da população idosa no Brasil está muito acelerado e o que está sendo feito pelos governos não acompanha e fica parecendo que nada se faz.